Projeto REFOAM

Principal Objetivo

O projeto Refoam tem como principal objetivo desenvolver espumas flexíveis de PU com uma maior componente de sustentabilidade. Estas deverão ser adequadas ao processo de colagem a tecidos, pele sintética e natural por laminação à chama assim como estar em linha com a exigência do mercado em termos de emissões, odor e propriedades físicas.

Para isso serão seguidas diferentes abordagens. Serão desenvolvidas espumas com incorporação de polióis reciclados a partir de resíduos industriais e de resíduos de pós-consumo, assim como com a incorporação de polióis que utilizam CO2 como matéria-prima no seu processo de fabrico.

Projeto REFOAM

A Indústria automóvel tal como outros sectores industriais tem uma preocupação recorrente com a sustentabilidade dos seus produtos. Existe uma forte tendência para o aumento da utilização de produtos mais sustentáveis em concordância com as medidas e objetivos da Comissão Europeia e do “Plano de Ação para a Economia Circular”, adotado em março de 2020, em que, entre várias medidas, a Comissão proporá a revisão das regras sobre os veículos em fim de vida, com vista a vincular as questões da conceção ao tratamento em fim de vida, estudar a definição de regras sobre o teor reciclado obrigatório de certos materiais dos componentes e melhorar a eficiência da reciclagem.

De forma a implementar os “Objetivos de Desenvolvimento Sustentável para 2030” e o “Plano de Ação para a Economia Circular” da Comissão Europeia, é impreterível que seja efetuado um grande investimento por parte da indústria europeia de poliuretano na reciclagem e na redução das pegadas ecológicas e de carbono.

No caso dos polímeros termoplásticos existe uma série de produtos que utilizam material reciclado para além do material virgem. No entanto, na maioria dos polímeros termoendurecíveis, como é o caso das espumas flexíveis de bloco de poliuretano (PUFbloco), esse desafio tem-se revelado difícil e com bastantes limitações tecnológicas. Desta forma, neste projeto pretende-se a produção de novas espumas PUFbloco com uma componente maior de sustentabilidade. Estas limitações tecnológicas são ainda mais notórias para a aplicação de PUFbloco no sector automóvel, visto que existe uma maior exigência ao nível das emissões, odor e propriedades físicas, nomeadamente envelhecimentos húmidos e secos. Também é de extrema importância a adaptação destes PUFbloco mais sustentáveis ao processo de colagem por laminação à chama. Isto porque 90% dos produtos PUFbloco utilizados na indústria automóvel são colados a tecidos, pele sintética e natural, por este processo.

Assim, neste projeto vai-se optar por uma abordagem mais alargada à sustentabilidade, de forma a minimizar os riscos de insucesso na implementação do “Plano de Ação para a Economia Circular”, em que se pretende realizar o desenvolvimento de espumas flexíveis de PU para a indústria automóvel com incorporação de polióis mais sustentáveis, produzidos a partir:

  • 1. Resíduos Industriais do Processo de fabrico de PU em bloco.
    a) Scale-up do processo de reciclagem química a partir da acidólise de resíduos industriais da FXP com foco no desenvolvimento do processo de alimentação da espuma ao reator;
    b) Testes de robustez do processo face à mistura de resíduos industriais utilizados.
  • 2. Resíduos de Pós Consumo: desenvolvimento de formulações de PUF para a indústria automóvel com incorporação de polióis produzidos a partir de resíduos de pós-consumo. No entanto, os mesmos ainda não foram testados e as formulações ajustadas para PUF para a indústria automóvel.
  • 3. CO2:desenvolvimento de formulações de PUF para a indústria automóvel a partir de polióis com incorporação de CO2 como matéria-prima. Estes polióis são produtos comerciais de empresas como a Covestro.

Estas 3 vias de desenvolvimento permitirão uma redução do consumo de matérias-primas de origem fóssil, redução do Global Warming Potential (GWP) das espumas produzidas e um aumento da sua circularidade ao incorporar matérias-primas obtidas através de resíduos pós-consumo, contribuindo desta forma para a descarbonização.

De referir ainda que os resultados obtidos neste projeto também poderão ser extrapolados e utilizados para outros mercados como o sector da colchoaria e calçado. Em que existe um procura premente de soluções de espuma flexíveis com maior sustentabilidade.

Resultados

A Agenda GreenAuto visa transformar a indústria automóvel nacional no contexto da transição atual para veículos de baixas emissões, envolvendo um OEM que propõe a industrialização um veículo comercial ligeiro elétrico, juntamente com fornecedores que propõem o desenvolvimento e industrialização de componentes para veículos elétricos ou tecnologias produtivas para a sua fabricação.

De acordo com os objetivos deste PPS, estão a ser seguidas 3 grandes abordagens para o desenvolvimento de espumas flexíveis de PU para a indústria automóvel com incorporação de polióis mais sustentáveis. Têm-se realizado ensaios de produção de polióis reciclados à escala laboratorial obtidos a partir de resíduos industriais, da Flexipol, com alimentação em contínuo. Esta via de alimentação foi selecionada nesta fase como preferencial, tendo em conta as dificuldades técnicas identificadas relativamente a outras vias de alimentação. Estes polióis foram caracterizados em termos de acidez, índice de OH, %H2O e viscosidade e testados à escala laboratorial de baixa pressão em formulações de produção de PUF. Também têm sido realizados ensaios com incorporação de polióis reciclados obtidos a partir de resíduos de pós consumo. Estes são polióis desenvolvidos ou em desenvolvimento por fornecedores de matérias-primas. Neste momento estão a ser testados 3 polióis reciclados desta tipologia na Flexipol, tendo-se já realizado ensaios à escala piloto com um deles. Nesta via de desenvolvimento para além do trabalho em curso com estes polióis reciclados, foram identificados fornecedores de matérias-primas baseadas na abordagem de Mass Balance e desenvolvida a sua aplicação em PUF. A Flexipol avançou com a certificação pela ISCC+ que permite a certificação e validação dos resultados ao nível da sustentabilidade dos produtos a desenvolver no âmbito deste projeto. Por último, tem-se procurado ativamente no mercado por soluções para testar no âmbito do desenvolvimento de espumas com a utilização de polióis com incorporação de CO2 como matéria-prima.